terça-feira, julho 13, 2004
Inquisição Velada (ou A Santa Imposição)
Com a recente aprovação de uma liminar da Justiça Federal que garante que profissionais de saúde não sofrerão qualquer represália jurídica caso interrompam a gestação de fetos com anaencefalia, achei que finalmente a justiça brasileira voltava a avançar (coisa que não via desde a "lei do concubinato" que assegura direitos iguais ao matrimônio para casais que comprovadamente vivem juntos por mais de 5 anos, aprovada há uns 4 anos, eu acho).
A anancefalia é uma má-formação do embrião que leva à não-formação do encéfalo, ou seja, o embrião não tem cérebro, não tendo a mínima condição de sobrevida logo após o parto. Ele se manterá vivo até o final da gestação, o parto ocorrerá normalmente, mas o feto virá a óbito logo em seguida a seu nascimento.
Esta liminar expedida garante que mulheres cujos fetos tenham esta má-formação não tenham que sofrer o martírio de esperar pelo parto e, consequentemente, pela morte do filho, em contagem regressiva.
Eu, sendo mulher, posso ter alguma idéia do que seja isso. A mãe e toda a família esperam pela chegada do bebê e recebem a terrível novidade da má-formação. É aterrador.
O aborto há muito tem entrado em discussões no congresso brasileiro, mas a discussão sempre acaba devido a pressões de setores mais conservadores da sociedade, ou melhor, da Igreja Católica. O que me revolta nesta história toda é o fato das decisões e avanços da justiça e governo brasileiros sempre serem "empatados" por uma instituição religiosa.
EU NÃO SOU CATÓLICA, ASSIM COMO GRANDE PARTE DA POPULAÇÃO BRASILEIRA!!!! E ACHO UM ABSURDO UM PADRE, QUE PELAS VIAS NORMAIS, NUNCA SABERÁ O QUE É TER UM FILHO, OPINAR SOBRE A VIDA E O DIREITO QUE ME ASSISTE ENQUANTO CIDADÃ DESTE PAÍS CHAMADO BRASIL!!!! SE A IGREJA NÃO ACEITA AS CARACTERÍSTICAS DE NOSSA SOCIEDADE, QUE DOUTRINE SEUS FIÉIS E NÃO NÓS QUE NADA TEMOS A VER COM ELA!!! ISTO É CERCEAR DIREITOS DOS CIDADÃOS!!! PARA MIM, É COMO UMA INQUISIÇÃO VELADA!!
LEIAM A VEJA DESTA SEMANA!!!
E que essas mulheres que sofrem com a perda de um filho não tenham um trauma maior que o necessário. Que tenham o direito de recomeçar, de tentar uma nova gestação.