Fazer campanha publicitária para aumentar o nacionalismo? Peraí? As pessoas só não valorizam mais sua nacionalidade por desconhecerem a importância que o Brasil tem. E não sou ufanista. Qualquer indivíduo com um mínimo de lucidez vê o Brasil como um país e tanto. Tenho orgulho de minha identidade, da cultura brasileira. Tenho mesmo.
Batendo mais uma vez na mesma tecla, o cidadão comum (que mora na periferia, não tem acesso a plano de saúde privado, não sabe o que é cinema e a única diversão é a cerveja + futebol) só não se sente orgulhoso por não ter o mínimo de instrução acadêmica. O Brasil é um país onde o indivíduo que consegue escrever o nome (mal e porcamente) já é considerado pelo governo como alfabetizado. Difícil para mim é ver o que me espera em meu futuro como professora.
O problema do brasileiro é a falta de educação e não a falta de heróis.
Zuenir Ventura traz também seu ponto de vista:
"Embora “herói” seja um conceito muito elástico, que se aplica a personagens históricos como Tiradentes ou a ídolos como Ronaldinho, sabe-se que o que o presidente pretende é propor modelos positivos de comportamento que reforçariam o caráter nacional. A intenção não deixa de ser boa: substituir o nosso círculo vicioso pelo círculo virtuoso. Mas na conjuntura atual a tarefa talvez não seja fácil, porque nosso problema maior não é tanto a falta de heróis, mas o excesso de anti-heróis. Para cada lado que se olha, o número dos vilões que dão certo pelas vias tortas parece maior do que o daqueles que vencem na vida pelo próprio esforço. Por que ser um honrado cidadão se alguém pode ser um político bem-sucedido e desonesto?
Vai convencer um esforçado jovem com o argumento de que é preciso trabalhar honestamente, se ele abre o jornal e num só dia lê que vereadores, depois de eleitos, dobraram o patrimônio em seis meses, que uma quadrilha de colarinho branco fraudou a Previdência em R$ 136 milhões e que um candidato a prefeito confessou ter ganho milhões, mas que doou tudo e por isso seu patrimônio é de apenas R$ 21 mil, apesar de ter sido dono da TV Record Rio — uma declaração que lembra o velho Tim Maia dizendo: “Não fumo, não bebo e não cheiro. Meu único vício é a mentira.”
Mesmo considerando que os exemplos aí de cima são exceção, o desafio da campanha será provar para muitos que “o melhor do Brasil é o brasileiro”, já que, como dizia Villa-Lobos, os brasileiros não gostam de ser brasileiros. “Eu gosto e é por isso que eles não gostam de mim”, dizia. Nos EUA, onde era reconhecido, fez um desabafo contra as elites que o maltrataram tanto (um crítico mandou-o afastar-se da música “para o bem de todos”): “Vivem querendo acabar comigo; lá no Brasil metem o pau em mim sem parar, não param nem pra ir ao banheiro.” Em compensação, ele ficou como um de nossos grandes heróis, e os que não paravam de maldizê-lo, nem para ir ao banheiro, saíram na urina da História."