Dia desses, eu e um grupo de amigas batíamos papo quando veio à tona a discussão das brasileiras que se prostituem no exterior. Ultimamente tenho pensado bastante nisso: como consegue alguém deixar suas “raízes” para vender o próprio corpo? A primeira vista o dinheiro pode ser alto, mas o custo de vida no primeiro mundo acaba se revelando um dos grandes obstáculos que impedem juntar algum dinheiro para retornar. Como alguém consegue admitir tamanha humilhação? E por mais cruel que pareça, qual seria o “preço justo” por um “serviço” desses?
Na verdade, isto começou a vir à minha cabeça enquanto conversava com um amigo português pela net e ele falava de um programa de TV, que ia começar no momento em que conversávamos, a respeito das “dançarinas” (é um eufemismo para strippers) brasileiras em Portugal. Meninas, somos famosas por nossas “habilidades” do outro lado da “pocinha d’água”!! Aliás, em todo o planeta!!! Vários blogs lusos que li diziam a mesma coisa.
Semana passada li na web (na agência Reuters) que a palavra “brazilian” é agora também sinônimo de “depilação utilizada para trajes sumários” no principal dicionário de língua inglesa (só não me lembro se foi no Oxford... deixa pra lá...). Achei interessante esta nova referência (que já havia percebido em algumas sitcoms e programas de TV made in USA que assisto).
Um dos melhores textos a respeito que já li é o de Diogo Mainardi na revista Veja de 16 de julho de 2003 chamado “O Rio dos Oportunistas”. O texto tem um tom ácido típico do autor, mas diz algumas coisas para se pensar tais como o trecho abaixo:
“É tão raro o Brasil sobressair em algum campo que seria justo comemorar o bom desempenho de nossas prostitutas. O problema é que não lucramos nada com isso. Somos inaptos para os negócios.”
Mainardi fala da indústria do “pornoturismo” que vende o Brasil no exterior como o “paraíso” ; guias específicos vendem o Brasil da seguinte maneira: “não há nada igual ao Rio” ou diz que nossas prostitutas “gostam do seu trabalho” ou mesmo que “as brasileiras julgam a prostituição uma atividade natural”. O que Mainardi mais critica é o fato de termos as “melhores profissionais do ramo” e isto não gerar receita para a nação. Ele cita o faturamento da indústria pornô em San Fernando Valley, na Califórnia, onde são feitos cerca de 11.000 filmes pornográficos/ano, empregam-se 20.000 profissionais e arrecadam-se acima de 4 bilhões de dólares por ano. Acabamos então por formar “pessoal habilitado”, mas não ganhamos nada com isso! É o mais ou menos o mesmo esquema da “fuga de cérebros” da ciência brasileira para países que pagam bem melhor aos pesquisadores (quem me dera um dia!!!).
Ao ler estas palavras fiquei abismada! Como pode? O pior é que para algumas mulheres esta é a única forma de sobrevivência que encontraram em um país onde a taxa de desemprego é gigantesca e cada edição do “Jornal Nacional” dá vontade de “arrancar os cabelos” ou “tirar a cueca pela cabeça” como diz minha amiga Paula.
Nesta mesma conversa acabamos chegando a uma triste e real conclusão: algumas mulheres são “prostitutas de luxo” de seus maridos. Seja pelo dinheiro, sobrenome, status... algumas mulheres acabam vendendo seu corpo em troca da aquisição e manutenção de seu estilo de vida.
E o “amor”? Ah, meus amigos, este é para bobos românticos como esta que vos escreve! Infelizmente!